Encenador / Theatre Director

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Reforma Agrária. 40 anos. 3 vozes do teatro .  de Luís Varela . Encenação: Luís Varela . Com Álvaro Côrte-Real, Rosário Gonzaga, Luís Varela e Victor Zambujo . Produção: É neste país - associação cultural . Estreia: Lisboa, Casa do Alentejo, 2015.03.11.

Partindo de um conjunto de documentos autênticos (entrevistas, depoimentos, discursos, textos programáticos de partidos políticos... mas também excertos de espectáculos em que participaram), uma actriz e dois actores propõem-se partilhar com uma pequena assembleia de espectadores as suas memórias de jovens artistas de teatro no Centro Cultural de Évora durante os anos da Reforma Agrária. Chamam para essa evocação Álvaro Cunhal, Dinis Miranda, Manuel Vicente, Rogério Arraiolos e tantos outros... mas também Luis Valdez, Brecht, Tankred Dorst.


Primeiro como alunos do grupo I da Escola de Formação Teatral, depois como actores permanentes da companhia, Álvaro Côrte-Real, Rosário Gonzaga e Victor Zambujo foram testemunhas dessa grande transformação social e política que se produziu no Alentejo logo depois da Revolução de Abril. A digressão permanente com espectáculos de pequeno formato pelas freguesias rurais do Alentejo confrontou-os mais do que uma vez com momentos cruciais da Reforma Agrária: ocupações, manifestações de rua (com alegres bandeiras vermelhas umas, com graves bandeiras negras outras), entregas de reservas, o assassinato de Casquinha e “Caravela”, conferências da Reforma Agrária. As dezenas de peças em que participaram nesse período foram muitas vezes o catalisador de debates e de trocas de ideias sobre a relação do trabalho teatral e do trabalho cultural em geral, o seu trabalho, com a outra realidade vivida nos campos do Alentejo, a das UCP/Cooperativas.


Se se entender o público como um dos elementos estruturantes do fenómeno teatral, então o fim da Reforma Agrária foi também o fim do tempo de um certo modo de fazer teatro: houve um público da Reforma Agrária e houve um teatro na Reforma Agrária. Chamar ao palco vozes desse público, fazedores da História, e alguns momentos desse teatro de há quarenta anos é mais do que uma homenagem ou uma evocação: é a reafirmação do sentido do encontro do Teatro com  o Mundo.